
Trinta clientes já registraram boletim de ocorrência. Em comunicado divulgado nas redes sociais, empresa disse que clientes devem pedir bloqueio das compras no cartão. Mulher viajaria com a filha na próxima semana, mas passeio foi cancelado após agência decretar falência
Ronaldo Gomes/EPTV
Pelo menos 50 pessoas de Serrana (SP) que fecharam pacotes para diferentes destinos com uma agência de turismo de Ribeirão Preto (SP) tiveram as viagens canceladas após a empresa informar, via rede social, que faliu.
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Mais de 30 boletins de ocorrência já foram registrados e o caso vai ser investigado pela polícia.
No comunicado, divulgado nesta semana, os responsáveis pela agência pedem que os clientes solicitem o bloqueio das compras nas operadoras de cartão e afirmam que sempre atuaram com honestidade. Eles também lamentaram não entregar o prometido.
A EPTV, afiliada da TV Globo, tentou contato com a empresa, mas não obteve retorno.
Uma mulher, que pediu para não ser identificada, viajaria com a filha, de 14 anos, para o Chile no dia 13 de julho e pagou quase R$ 8 mil por Pix para a agência. O destino era a primeira viagem internacional das duas.
“Na hora [que viu o comunicado de falência], eu não acreditei, fiquei em estado de choque, confesso. Mandei mensagem pra ela [dona da agência], pro marido dela, pra filha, e não deram retorno. Depois de um certo horário, a filha entrou no grupo e começou a pedir desculpas falando que não tinham a intenção e que a gente tinha todo direito de procurar nossos direitos”.
Um moto táxi, que também pediu para não ser identificado, fechou dois pacotes na mesma agência para viajar com a esposa. O casal ia para Maceió e para o Chile e parcelou o valor de R$ 12 mil no cartão para pagar as viagens.
“Parcelei em vários cartões e estou tentando ver se consigo o estorno, porque a gente fez o boletim [de ocorrência] e está correndo atrás. Tem mais quatro cartões com parcelas ainda. É frustrante. Ontem e hoje estou vivendo um pesadelo”.
A empresária Izabel Malaguti viajaria com o marido e a prima, a representante comercial Daniela Teixeira Eugênio, para Maceió e pagou R$ 8,5 mil pela viagem marcada para 2026, que também não vai acontecer.
“Ainda não consegui estornar. Já falei com a gerente no banco e ela disse que foi uma compra que eu fiz e que eu aceitei, fiz presencialmente. Já paguei duas parcelas”, lamentou Izabel.
Daniela pegou o cartão emprestado da prima para pagar a viagem.
“Era um sonho, viajei muito pouco, seria minha segunda viagem de avião. Fica o transtorno disso tudo. Ela [Izabel] ter me emprestado o cartão e estar toda a responsabilidade nela, me entristece muito mais. A gente tem de honrar com os compromissos, porque ninguém tem culpa, e agora pagar outra viagem, que isso é o mais difícil, vai demorar um pouco mais”.
As primas Izabel Malaguti e Daniela Teixeira também tiveram viagem cancelada após agência falir em Ribeirão Preto, SP
Carlos Trinca/EPTV
Donos da agência podem responder criminalmente
À EPTV, o advogado João Pedro Silvestrini disse que, caso haja provas de que a agência agiu de má fé, os responsáveis podem responder por até dois crimes, nas áreas cível e criminal.
“O que nós precisamos analisar neste momento é se havia o dolo anterior de enganar pessoas. Se isso for comprovado na investigação feita pela polícia, há, possivelmente, a parte prática do crime de estelionato”.
Ele explica ainda que os clientes podem entrar na Justiça para cobrar o ressarcimento dos prejuízos.
“Por mais que a empresa tenha declarado falência, é possível tentar bloquear bens, tentar penhorar bens, leva a leilão público, dinheiro, carro, casa, moto que esses sócios eventualmente tenham em seu nome para assim cobrir o prejuízo financeiro.”
Mulher fez Pix no valor de R$ 7.650 para fechar viagem com agência em Ribeirão Preto, SP
Ronaldo Gomes/EPTV
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