
Elefante Sandro morou no Zoológico de Sorocaba (SP) por 43 anos
Thiago Ariosi/TVTEM
Um dos moradores mais antigos do zoológico de Sorocaba (SP). O elefante Sandro chegou na cidade em 1982 e é conhecido por grande parte dos moradores e também dos turistas, que vão até zoo para admirar sua magnitude.
Descrito pelos tratadores como carinhoso, comilão e brincalhão, o elefante asiático é um senhor de idade, com 53 anos, e tem vários apelidos. O primeiro deles foi Trombadinha, logo que chegou no zoo. Atualmente, é carinhosamente chamado de “Gordão”, “Amigão” e “Sandrão”.
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Sandro ganhou notoriedade nas redes sociais nas últimas semanas e ficou conhecido no Brasil e até no exterior. Isso porque o elefante é alvo de uma disputa judicial entre o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) e a prefeitura de Sorocaba a respeito da sua transferência para um santuário, localizado em Chapada dos Guimarães (MT).
A transferência divide opiniões de especialistas, biólogos, veterinários, ativistas e internautas. O MP conseguiu na Justiça que Sandro deixe Sorocaba, mas a prefeitura, que defende a permanência dele no zoo, conseguiu adiar a saída do animal da cidade.
Mas, alheio à toda discussão, Sandro segue sua rotina no zoo tranquilamente, com banhos de terra, buscando frutas escondidas, e jogando água em seu tratador, Nicolas Alexandre Soares.
🐘 ‘Trombadinha’
Elefante Sandro e o primeiro tratador, em Sorocaba (SP)
Arquivo pessoal
Quando chegou em Sorocaba, Sandro era um elefante adolescente, com menos de dez anos. Na época, seu tratador era Lucílio Alves de Araújo, um dos primeiros humanos com quem o animal criou uma relação de amizade, ainda quando vivia no circo.
Lucílio trabalhava no circo Real Africano e conheceu Sandro em 1979, quando tinha 14 anos. “Ele se ‘engraçou’ comigo. O proprietário do circo me disse que eu seria o responsável por cuidar do Sandro, porque ele era muito brincalhão e não queria saber de trabalhar”, lembra.
“Se colocassem o Sandro no picadeiro, ele queria jogar cadeira, pisar em cadeira, mas sem machucar ninguém. Ele nunca machucou ninguém. Aí, ele ganhou o apelido de Trombadinha, porque, se alguém tentava chegar perto, ele empurrava mesmo, com a tromba”, conta.
O servidor, atualmente aposentado, conta que, em 1982, quem conseguiu a transferência de Sandro para o zoológico de Sorocaba foi o diretor do espaço, Lázaro Ronaldo Ribeiro Puglia. Lucílio afirma que o animal nunca “foi resgatado”, pois nunca sofreu maus-tratos
“Ele não era viável porque ele não trabalhava em picadeiro, e o proprietário do circo vendeu ele para o circo Bismarck. Eu também fui para o circo Bismarck, fiquei com o Sandro até quando eles fizeram a permuta com alguns animais”, explica.
Elefante Sandro ainda novinho no zoológico de Sorocaba (SP)
Arquivo pessoal
Lucílio acompanhou o amigo elefante e, no início, a ideia era ficar somente até o animal se acostumar com o recinto e o ambiente do zoo. No entanto, o sentimento de carinho e a amizade entre os dois não deixou Lucílio partir.
Ele cuidou de Sandro por oito meses pelo circo e três anos pelo zoológico. Depois, trabalhou em outros setores da prefeitura até se aposentar, com 39 anos de serviço público. Mas, durante todo esse tempo, nunca deixou de visitar o amigo.
“Eu fiquei em Sorocaba para ensinar os tratadores como cuidar do Sandro. A gente sempre cuidou dele com muito carinho e amor. Cuidamos do Sandro como se fosse filho”, comenta.
O elefante ainda se lembra de Lucílio e demonstra muita alegria quando eles se reencontram. O último encontro foi em novembro de 2024.
Primeiro tratador do elefante Sandro ainda visita animal após 40 anos
Arquivo pessoal
🧃 Um amante de suco de beterraba
Quando chegou no zoo, Sandro pesava “apenas” duas toneladas, sendo que a média de um elefante asiático adulto é o dobro deste peso. A dieta do animal é composta por 250 quilos de alimento, sendo 150 somente de capim. O cardápio também inclui uma variedade de frutas e sucos, sendo que o de beterraba é o favorito dele.
Conforme o atual e único tratador de Sandro, Nicolas Alexandre Soares, o elefante adora banana, pêra e mamão, além de água de coco. Ao todo, são cinco refeições por dia, com a primeira servida por volta das 9h. E, quando escuta o barulho da máquina que processa o capim, Sandro fica atento e à postos. Tudo isso porque está acostumado com a rotina, seguida há mais de 40 anos.
Elefante Sandro e o tratador NIcolas, em Sorocaba (SP)
Secom Sorocaba/Divulgação
Como um bom senhor de idade, Sandro se recolhe cedo para descansar, por volta das 16h. Por isso, os visitantes que vão até o zoo depois deste horário dificilmente poderão avistar o elefante. Nicolas conta que durante os sete meses de trabalho, já consegue entender a personalidade do “Gordão”.
“Ele me aceitou bem, não vejo nenhum desafio durante o dia a dia. Ele gosta de chamar a atenção, joga água para a gente ficar conversando com ele. Ele é amoroso demais! O Sandrão é muito inteligente”, diz.
A relação de confiança e amor entre tratador e elefante vem de longa data. Frequentador do zoo desde criança, Nicolas diz que sempre teve um carinho especial por Sandro. Hoje em dia, nem se importa mais em levar diversos “banhos de areia” do elefante.
Haisa
Em 1995, Sandro recebeu uma amiga no zoo, a elefanta Haisa, que nasceu na Ásia e morava em Santa Catarina, em um recinto com duas irmãs. À época, Sandro tinha 26 anos. Haisa foi trazida para Sorocaba com a intenção de que o casal tivesse filhotes juntos, mas isso nunca aconteceu. Haisa morreu em novembro de 2020.
Haisa e Sandro estão juntos no zoo de Sorocaba (SP) desde 1995
Reprodução/TV TEM
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