
Quando se pensa numa loja de conveniência, a imagem que logo vem à cabeça é a de um quebra-galho para comer um sanduíche ou comprar algum item de emergência de madrugada. No entanto, em Seul, capital da Coreia do Sul, foi criada uma nova modalidade: as “lojas de conveniência para a mente”. O país enfrenta uma severa epidemia de solidão e está investindo num programa de locais acolhedores para quem se sente muito só.
Seul tem perto de dez milhões de habitantes e, nas últimas duas décadas, o número de lares com apenas um morador passou de 16% para 40% dos domicílios da cidade. Em 2022, uma pesquisa revelou que 62% se queixavam do isolamento e, mesmo entre os jovens, o índice era bastante alto. Em todo o país, foram computadas 3.600 “mortes solitárias” em 2023 – quando as pessoas morrem e ninguém se dá conta do ocorrido por semanas e até meses.
Epidemia de solidão na Coreia do Sul: governo criou “lojas de conveniência para a mente”
Vdnhieu para Pixabay
Para utilizar o espaço, os visitantes precisam apenas preencher um questionário com cinco perguntas. Ali, é possível fazer uma massagem nos pés, tomar uma sopa de noodles, assistir a um filme, ou simplesmente passar um tempo na companhia de outras pessoas. Ninguém é obrigado a conversar ou interagir. Para os idealizadores do projeto, estar próximo de outros seres humanos é o suficiente. Assistentes sociais estão disponíveis para quem precisa de um apoio maior.
No ano passado, o prefeito da cidade lançou “Seul sem solidão”, um programa com cinco anos de duração ao qual foram destinados 1.8 bilhão de reais. Em março, foram abertas as primeiras quatro lojas de conveniência para a mente. Em abril, foi disponibilizada uma linha direta que, em julho, já tinha recebido mais dez mil chamadas – o triplo do previsto. Desse total, 63% eram de gente de meia-idade; 31%, jovens adultos; e apenas 5% idosos.
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