Tarifas dos EUA ameaçam R$ 19 bilhões em exportações no mês de agosto

O aumento das tarifas de importação pelos Estados Unidos, previsto para 1º de agosto, pode causar um prejuízo superior a R$ 19 bilhões ao Brasil e impactar diretamente a economia de diversos estados. O alerta foi feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). A medida afeta principalmente as unidades federativas com maior dependência do mercado americano, como Ceará, Espírito Santo, Paraíba e São Paulo.Segundo a CNI, os Estados Unidos representaram em 2024 cerca de 44,9% das exportações do Ceará e 28,6% das do Espírito Santo. Em estados como Paraíba, São Paulo e Sergipe, a participação americana varia entre 17% e 22%. A indústria de transformação concentra a maior parte dessas vendas, com destaque para os setores de metalurgia, alimentos, celulose e couro.No Ceará, a dependência é a mais alta do país. Quase todo o valor exportado aos EUA em 2024 (US$ 659,1 milhões) veio da indústria, com destaque para a metalurgia, que respondeu por US$ 441,3 milhões. O impacto estimado do tarifaço para o estado pode chegar a R$ 190 milhões.No Espírito Santo, o mercado americano foi responsável por US$ 3,1 bilhões das exportações, com protagonismo da indústria de transformação. A perda potencial estimada para o estado é de R$ 605 milhões.A Paraíba também figura entre os mais afetados. Com 21,6% das exportações destinadas aos EUA, o estado pode registrar perdas superiores a R$ 101 milhões. Quase todo o montante exportado foi da indústria de alimentos.Sul e SudesteMaior economia do país, São Paulo exportou US$ 13,5 bilhões aos Estados Unidos em 2024, o equivalente a 19% do total do estado. Quase toda a pauta vem da indústria de transformação. O prejuízo estimado com o aumento tarifário supera R$ 4,4 bilhões e representa uma queda de 0,13% no PIB paulista.O Sul e o Sudeste concentram os maiores impactos financeiros. O Rio Grande do Sul pode amargar perdas de R$ 1,91 bilhão, com destaque para exportações de metais, fumo e calçados. O Paraná deve registrar queda de R$ 1,91 bilhão, com prejuízos na indústria de madeira, alimentos e máquinas. Em Santa Catarina, o impacto estimado é de R$ 1,7 bilhão, o segundo maior em termos proporcionais no PIB estadual: -0,31%. Minas Gerais também entra na lista com perdas de R$ 1,6 bilhão, puxadas por metalurgia, agropecuária e alimentos.Norte, Nordeste e Centro-oesteNa região Norte, o Amazonas pode registrar a maior queda proporcional do PIB entre todos os estados: -0,67%, com perdas de R$ 1,1 bilhão. O Polo Industrial de Manaus, voltado à exportação de máquinas, equipamentos e derivados de petróleo, é o mais afetado. O Pará, mesmo com apenas 3,6% de suas exportações destinadas aos EUA, pode perder até R$ 973 milhões, principalmente nos setores de metalurgia e alimentos.Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul somam perdas de R$ 1,9 bilhão. Na região Nordeste, as perdas também são relevantes: Bahia (R$ 404 milhões), Pernambuco (R$ 377 milhões) e Ceará (R$ 190 milhões) estão entre os mais afetados.Os cinco estados com menor impacto financeiro são Roraima, Sergipe, Acre, Piauí e Amapá. Ainda assim, os prejuízos somados passam de R$ 150 milhões.Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, o impacto das tarifas é grave e desigual. “A imposição do expressivo e injustificável aumento das tarifas americanas traz impactos significativos para a economia nacional, penalizando setores produtivos estratégicos e comprometendo a competitividade das exportações brasileiras. Há estados em que o mercado americano é destino de quase metade das exportações. Os impactos são muito preocupantes.”
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