Os garis de Belo Horizonte foram homenageados na Virada Cultural com a instalação ‘Vestindo a Camisa da Limpeza’. A obra, instalada no Parque Municipal, no Centro da capital mineira, foi inaugurada neste sábado (23) e permanece aberta à visitação neste domingo (24). A iniciativa busca reconhecer e dar visibilidade ao trabalho essencial da limpeza urbana na cidade.
Com curadoria da artista visual Elania Matos, a montagem interativa é composta por um espaço cênico, onde crianças e adultos poderão fazer fotos como se estivessem vestindo a camisa usada pelos garis da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU).
Ao todo, são 60 camisas laranja estampadas com frases como “o amor é importante”; “paz amor, liberdade amor, alegria amor!”; “se cada um fizer um pouquinho já ajuda muito!”; e “não adianta querer mudar, se não fizer por onde!”.
As customizações envolvendo expressões sobre limpeza urbana e educação ambiental foram criadas pelo público da Virada Cultural de 2023. A iniciativa é do Departamento de Políticas Sociais e Mobilização.
A homenagem ocorre cerca de duas semanas após a morte do gari Laudemir Fernandes, de 44 anos, assassinado a tiro enquanto trabalhava. O caso repercutiu nacionalmente e expôs as violências e desrespeitos enfrentados diariamente pela categoria. Na última quarta-feira (20), amigos e colegas de trabalho da vítima organizaram uma manifestação no Anel Rodoviário, na altura do bairro Santa Maria, na região Oeste de BH. Durante o ato, frases de ordem como “Somos garis, não somos lixo” deram o tom do protesto.
Também no mesmo dia, Liliane França da Silva, viúva do gari, pediu justiça e respeito à categoria em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no bairro Santo Agostinho, região Centro-Sul da capital. “A justiça vai trazer muito alívio, não só para minha família, mas também para as famílias daqueles que continuam trabalhando. Eles não podem parar, já que as ruas seguem sujas e precisam ser limpas, essa é a função deles. Por isso, não peço justiça somente pelo Lau, que já se foi, mas também justiça e respeito por esses trabalhadores que sofrem tanto”, declarou a viúva.
O crime
Conforme a ocorrência policial, o crime aconteceu na rua Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, região Oeste da capital, na manhã do dia 11 de agosto deste ano. Segundo testemunhas, um caminhão de lixo estava parado na rua, durante a coleta de resíduos, quando o gestor comercial Renê Junior exigiu para que fosse liberado espaço na via para passar com o veículo que dirigia, um BYD cinza.
Irritado, ele ameaçou a motorista do caminhão com uma arma. Os garis tentaram intervir e pediram que ele se acalmasse. Foi nesse momento que ele saiu do veículo e disparou contra os funcionários, acertando Laudemir, que não estava envolvido na confusão. “E aí ele entrou do carro e foi embora. Não prestou socorro, nem olhou para trás, ele seguiu o caminho dele”, relatou ao BHAZ a motorista do caminhão, Eledias Aparecida.
Renê Junior é marido da delegada Ana Paula Balbino, da Polícia Civil de Minas Gerais. A PCMG confirmou que a arma usada no homicídio está registra em nome da delegada Ana Paula Balbino, sendo de uso pessoal da policial. Renê alegou que pegou a pistola sem o consentimento da companheira e afirmou que ela não soube do crime. Mesmo assim, a servidora é alvo de uma investigação da Corregedoria-Geral da Polícia Civil.
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