Sem fusão à vista, PATL11 encara pressão com vencimentos de contratos atípicos

A esperança de muitos investidores do fundo imobiliário PATL11, voltado ao setor logístico e gerido pela Pátria Investimentos, acaba de sofrer um duro golpe. Após questionamentos sobre uma possível incorporação a outros fundos da casa, como LVBI11 ou HGLG11, a gestão foi clara: não há planos concretos de encerramento ou fusão do fundo neste momento. A resposta, considerada vaga e evasiva por parte do mercado, aumentou o nível de frustração e incerteza dos cotistas.

Uma resposta que não trouxe alívio

Tudo começou com um seguidor de um canal financeiro no YouTube que compartilhou uma troca de e-mails com a gestão do PATL11. A dúvida era comum: o fundo seria encerrado ou incorporado por outro veículo maior e mais estável da própria gestora?

A resposta não foi animadora. Segundo os gestores, não há qualquer plano em andamento para encerrar o fundo ou realizar uma fusão. A alternativa apontada foi a busca por “soluções oportunísticas”, como reciclagem do portfólio — algo que, no atual contexto, parece pouco viável.

O problema central: contratos atípicos próximos do fim

Atualmente, o PATL11 possui contratos atípicos com prazo médio de apenas 1,6 ano, ou seja, vários contratos estão muito próximos do vencimento. Cerca de 83% da receita do fundo vem desses contratos, o que aumenta significativamente o risco em um cenário de não renovação.

Esse tipo de contrato, embora ofereça garantias durante a vigência, frequentemente esconde uma vacância reprimida ou aluguéis acima do valor de mercado. A iminência do vencimento pode revelar um valor real muito abaixo do esperado — e isso já começou a acontecer.

Um exemplo é o locatário SEB, que comunicou a saída para março de 2026. A partir de julho daquele ano, o impacto na receita do fundo poderá atingir um terço do rendimento atual. Além disso, 28% dos contratos vencem até 2026, com destaque para o contrato da BRF, previsto para encerrar em 2027.

Riscos de fusão e o impasse da Pátria

Embora a ideia de fusão com LVBI11 ou HGLG11 entusiasme os cotistas do PATL11, a realidade é outra. Esses outros fundos têm padrões mais elevados de qualidade de ativos e contratos. Receber um portfólio problemático poderia prejudicar a performance, o risco e o patrimônio dos fundos incorporadores.

A Pátria, por sua vez, parece ciente disso. Uma incorporação de um fundo com contratos vencendo, imóveis fora das regiões de last mile e risco de vacância elevada traria mais ônus do que benefícios. A menos que os problemas sejam resolvidos antes — algo improvável no curto prazo — essa fusão tende a permanecer apenas no imaginário dos investidores.

Reserva de lucros: alívio temporário

Para mitigar os efeitos da crise contratual iminente, a gestão do PATL11 vem acumulando reservas de resultado. Atualmente, o fundo conta com R$ 0,79 por cota em reserva, o que equivale a cerca de um rendimento e meio do que normalmente distribui. Ainda assim, isso pode apenas retardar o impacto sobre a distribuição mensal, caso os contratos não sejam renovados ou os imóveis não sejam locados rapidamente.

Por que o fundo ainda atrai alguns investidores?

Apesar dos riscos, o PATL11 é negociado com forte desconto patrimonial, o que chama atenção de quem busca valor nos imóveis. Para esse perfil de investidor — com foco no valor de reposição dos ativos e não em renda imediata — o fundo pode parecer uma oportunidade.

No entanto, é preciso ter perfil paciente e tolerante à volatilidade, já que os rendimentos tendem a cair antes de qualquer recuperação, que pode levar anos.

O fundo PATL11 não é para qualquer investidor. Aqueles que esperavam uma saída fácil por meio de incorporação ou venda do portfólio devem reavaliar suas expectativas. O cenário atual aponta para mais desafios do que soluções imediatas.

Com contratos atípicos prestes a vencer, risco de vacância elevada e ativos em regiões não estratégicas, o fundo caminha para um período de estresse que exigirá cautela, resiliência e um olhar apurado para o real valor dos ativos.

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