‘Belo Horizonte rumo ao fim das carroças: vitória para os animais e para a cidade’, por Wanderley Porto

Por décadas, cenas de cavalos magros, feridos ou exaustos, puxando cargas pesadas sob o sol e em meio ao trânsito caótico de Belo Horizonte, foram naturalizadas. Mas esse tempo está com os dias contados. A capital mineira está prestes a virar essa página da sua história.

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A aprovação da Lei 11.611/2023, de minha autoria, que antecipa para 22 de janeiro de 2026 a proibição definitiva do uso de veículos de tração animal na cidade, é mais do que uma vitória da causa animal. Trata-se de um avanço civilizatório. A tração animal em áreas urbanas é um modelo ultrapassado, ineficiente e, principalmente, cruel cujo fim é necessário e urgente.

Claro que essa não foi uma conquista simples. Foram anos de luta dos protetores de animais, mobilização e articulação política e de debates para construção de um novo olhar sobre o que é aceitável em uma cidade que se pretende moderna e justa.

Maus-tratos requerem solução urgente

Enquanto a proibição não entra em vigor, a Câmara vem discutindo com protetores e com a prefeitura, formas de preservar e promover a saúde e o bem-estar dos animais, tanto no acompanhamento dos cavalos, quanto com programas de educação envolvendo os direitos e a guarda responsável.

Ainda assim, cenas de sofrimento continuam a se repetir pelas ruas de BH. Vemos animais sem alimento adequado, sem abrigo, sem cuidados veterinários e submetidos a esforços extenuantes. E, muitas vezes, soltos, revirando lixo ou perambulando entre os carros. Um retrato de maus-tratos que não pode mais ser ignorado pela legislação.

Acabar com esse tipo de exploração é uma medida vital para os animais. A cidade não pode esperar uma década, como previa a legislação anterior.

Uma transição que respeita pessoas e animais

Defender o fim das carroças não é ignorar a situação das famílias que dependem dessa atividade para sobreviver. A preparação da cidade para o fim das carroças passa por dois pilares essenciais: a proteção dos animais e a inclusão social dos carroceiros.

Nesse sentido, a Prefeitura de Belo Horizonte criou um comitê intersetorial, com participação de várias secretarias para discutir alternativas de subsistência para os carroceiros e suas famílias.

Com a proximidade da proibição definitiva, realizamos uma audiência pública na Câmara para avaliarmos o processo de transição. A Prefeitura apresentou ações em andamento como o cadastramento ativo dos carroceiros e a ampliação da estrutura para acolhimento e destinação responsável dos cavalos.

Além disso, o deputado federal Fred Costa, defensor dos animais, fez questão de participar da audiência e anunciou seu total empenho na busca por recursos federais que viabilizem o financiamento de alternativas de transporte mais modernas, seguras e dignas.

A segurança pública também está em jogo

O fim da tração animal vai poupar vidas, não só de animais, mas de todos que transitam pela cidade, especialmente motociclistas, vítimas muitas vezes fatais das colisões com cavalos.

Em geral, os carroceiros não têm espaço e alimento suficientes para os animais. Isso torna comum vê-los nas ruas pastando ou revirando sacolas de lixo. Com isso, temos não só carroças em meio aos veículos como também cavalos soltos pelas ruas da cidade.

Ao garantir que os animais estejam fora das ruas e que o transporte de cargas ocorra de forma segura e regulamentada, protegemos todas as vidas: humanas e não humanas. É uma medida que tem impacto direto na mobilidade, na saúde pública e no bem-estar coletivo.

Um novo capítulo para BH

Com a proibição definitiva das carroças, BH tem a chance de ser exemplo nacional. De mostrar que é possível proteger os animais sem descuidar das pessoas. Que é possível modernizar práticas ultrapassadas sem abandonar quem depende delas. Que o desenvolvimento pode ampliar o cuidado e os direitos de todos os seres vivos.

O fim das carroças é mais que o encerramento de uma prática arcaica. É o começo de uma nova história: de respeito, de cuidado, de evolução.

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