A Brava Energia está em conversas com a Petrobras para garantir acesso à Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) de Manati, localizada na Bahia. A iniciativa visa solucionar um gargalo logístico que impede o escoamento de gás natural já disponível, mas atualmente represado devido à falta de capacidade de tratamento nas plantas da região.
Segundo o CEO da Brava, a planta de Manati possui capacidade ociosa estimada em cerca de 6 milhões de metros cúbicos por dia. Ainda assim, nem mesmo os sócios do ativo conseguem utilizar esse excedente. Enquanto isso, a UPGN de Catu — também na Bahia e operada pela Petrobras — estaria operando no limite, com cerca de 2 milhões de metros cúbicos por dia.
“Estamos conversando com a Petrobras. Somos sócios em Manati, mas temos gás na Bahia que não conseguimos produzir porque não há capacidade de tratamento suficiente nas plantas”, afirmou o executivo.
Demanda crescente e infraestrutura subutilizada
O gargalo logístico ocorre em um momento de demanda crescente por gás natural no Brasil, especialmente para abastecimento de termelétricas em períodos críticos. A proposta da Brava busca não apenas ampliar a capacidade de escoamento, como também permitir que outros produtores — além da própria companhia — possam acessar a infraestrutura disponível em Manati.
O executivo reforçou que a negociação pode beneficiar todos os envolvidos, ao reduzir o custo do consórcio, colocar novas moléculas no mercado e, em última instância, baratear o gás para o consumidor final. “É bom para todo mundo”, resumiu.
Projeto de armazenamento pioneiro em Manati
Além da utilização imediata da UPGN, a Brava avalia transformar o campo de Manati em um projeto pioneiro de armazenamento subterrâneo de gás natural no Brasil. A ideia é aproveitar as estruturas existentes para criar uma solução de estocagem semelhante à adotada nos Estados Unidos e Argentina.
Segundo o CEO, essa capacidade de armazenar gás não associado permitiria uma maior flexibilidade comercial. Em momentos de menor demanda ou preços desfavoráveis, o gás poderia ser estocado para ser vendido posteriormente em condições mais vantajosas — o que hoje não é possível no Brasil.
A proposta também atenderia à volatilidade de consumo de grandes clientes industriais e distribuidoras, além de funcionar como reserva estratégica para momentos de acionamento termelétrico ou flutuação no preço do GNL importado.
Modelo regulatório e arbitragem de preços
A Brava defende que o uso compartilhado da infraestrutura represada de Manati deve ser facilitado pelo marco legal do gás e pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). A abertura do acesso a infraestruturas essenciais está no centro da nova política para o setor, e pode ser viabilizada por meio de acordos comerciais entre as empresas envolvidas.
Além disso, o projeto de estocagem poderia destravar um novo modelo de negócios no país, baseado na arbitragem de preços e no atendimento mais eficiente à demanda sazonal. “Hoje, essa flexibilidade é garantida apenas pelo GNL, a preços muitas vezes voláteis. Armazenamento local pode mudar isso”, explicou.
Próximos passos
A negociação entre Brava e Petrobras ainda está em curso, mas a empresa aposta em uma solução consensual que destrave investimentos e acelere a inserção do gás natural na matriz energética brasileira. Caso concretizada, a operação pode se tornar um marco para o setor, ao aliar eficiência logística, competitividade e inovação no uso da infraestrutura existente.
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